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#229 - Cada vez mais pessoas querem cheirar à sobremesa

🥜📮 o mundo virou confeitaria sensorial, e o corpo, vitrine de dopamina

Interessante para os interessados. A leitura preferida dos insaciáveis

Tempo de leitura: 13 minutos
 
Edição #229

O ingrediente mais importante na fórmula do sucesso é saber como se relacionar com as pessoas.

Presidente Theodore Roosevelt

Nubank supera Petrobras e se torna empresa mais valiosa do Brasil

A FDA aprovou um novo medicamento para tratar mulheres durante a menopausa. O medicamento — elinzanetant, produzido sob a marca Lynkuet — é um dos poucos tratamentos não hormonais para sintomas como suores noturnos e ondas de calor.

 Mulher britânica toca clarinete durante cirurgia cerebral para aliviar os sintomas da doença de Parkinson. 

A polícia francesa prendeu dois suspeitos de levar as jóias do Louvre, avaliadas em mais de US$ 100 milhões.

 A LVMH pretende vender sua participação de 50% na Fenty Beauty, de Rihanna, cujo valor é estimado entre US$ 1 bilhão e US$ 2 bilhões.

 Exame de sangue pode identificar mais de 50 tipos de câncer.

Elon Musk poderá deixar a Tesla se não receber o pacote salarial proposto de US$ 1 trilhão, informou o presidente do conselho da empresa aos acionistas em carta.

 Pesquisadores apontam que os homens precisam praticar quase o dobro de atividade física em comparação às mulheres para obter a mesma redução no risco de doença cardíaca coronária.

O presidente mais velho do mundo, Paul Biya, vence as eleições nos Camarões aos 92 anos.

 O Instagram está introduzindo um recurso de histórico de visualizações, para que você possa voltar e ver todos os reels que visualizou nos últimos 30 dias.

Falando em Meta, Mark Zuckerberg disse a alguns funcionários que a IA está oficialmente substituindo seus empregos.

 Quadro perdido de Picasso é descoberto em Madrid, enquanto outra obra dele é arrematada por 32 milhões de euros.

A OnlyFans pagou US$ 25 bilhões aos criadores desde 2016, afirma o CEO.

É…a Time Out adora essas listas. Aqui estão, segundo eles, os 39 bairros mais legais do mundo em 2025.

Queijo derretendo no meu café? Não é pra mim… 

A Nike apresentou o Project Amplify, descrito pela marca como ‘o primeiro sistema de calçado motorizado do mundo’. A tecnologia foi desenvolvida para quem corre em ritmo moderado — entre 10 e 12 minutos por milha — com a promessa de aumentar a potência nos movimentos do dia a dia.

Quer testar os limites entre o real e o cinematográfico? Locações icônicas de filmes de terror que você pode visitar na vida real

A Ambev traz para o Brasil a Flying Fish, cerveja saborizada lançada originalmente na África do Sul em 2014. Primeiro destino: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A promessa? Baixo amargor e um toque de limão.

Endless Summer é o novo app de IA que cria fotos de férias que você nunca tirou, um simulacro perfeito para uma sociedade que já não consegue pausar de verdade. Enquanto quase metade dos trabalhadores americanos não usa toda a licença a que tem direito e o burnout atinge níveis históricos, o descanso vira imaginação assistida por algoritmos. Em vez de viajar, projetamos uma versão idealizada de nós mesmos numa praia fictícia. A ironia final? O criador do app, designer do Meta Superintelligence Lab, desenvolveu tudo no tempo livre — o mesmo tempo que ele poderia ter usado para, literalmente, sair de férias.

Falando em bebida, a Nescau acaba de anunciar o lançamento do Nescau Protein em pó, uma bebida com 15g de proteína por porção. 

Quer susto com pedigree underground? A Letterboxd listou os 50 filmes de terror com menos de 5 mil avaliações — perfeitos para quem já viu tudo e quer ser aterrorizado por algo que nem o algoritmo conhece.

A carta de Bill Gates retratando as três verdades difíceis sobre o clima que ele quer que todos na COP30 saibam.

O New York Times acaba de anunciar o “Watch”, uma aba em formato TikTok dentro do seu app, com vídeos curtos produzidos pela própria redação. Pois é, antes o leitor buscava a notícia, agora é a notícia que se comporta como entretenimento de scroll.

Os 84 melhores álbuns de 2025, de acordo com a Pitchfork.

Passar 48 horas evitando inteligência artificial hoje é menos um experimento tecnológico e mais uma experiência de isolamento cultural. O autor descobre que a IA não é só uma ferramenta, é a nova infraestrutura invisível do cotidiano, mediando buscas, mapas, notícias, entretenimento e até emoções. Tentar escapar dela se torna um teste de abstinência digital que revela nosso grau de dependência algorítmica. (gift link)

O novo headquarters do JPMorgan Chase, assinado pelo estúdio Foster + Partners na Park Avenue, não é apenas um arranha-céu, é um manifesto sobre o futuro do trabalho corporativo como experiência total. Revestido de bronze e equipado com tecnologias de engenharia quase teatrais, o edifício transforma o escritório em ecossistema de alta performance emocional e física 

Cada vez mais pessoas querem cheirar à sobremesa

© Elizabeth Coetzee/WSJ

Vivemos uma era em que o cheiro deixou de ser um traço de personalidade para se tornar uma interface de estímulo, calibrada para provocar microdescargas de dopamina em ambientes saturados de plástico emocional. O novo desodorante não promete frescor, promete viralização. A ducha matinal não é mais rito de limpeza, é soft launch sensorial, uma prévia do moodboard olfativo que será exibido ao mundo. E o cheiro da vez não é jasmim, nem âmbar, nem almíscar: é donut, cupcake, sorvete de baunilha, milkshake de infância embalado a vácuo para consumo performático. O corpo virou notificação push de açúcar.

Esse movimento não nasce da doçura, nasce do colapso. O algoritmo ensinou o mercado que não é o luxo que engaja, é o gatilho afetivo. O cheiro comestível funciona como clickbait para o nariz: direto, literal, imediato, impossível de ignorar. Não sugere uma narrativa, interrompe. O gourmand hiper-realista não quer seduzir: quer capturar atenção no mesmo regime cognitivo do feed infinito. Enquanto a timeline nos bombardeia com trends a cada 6 segundos, o banho vira campo de batalha sensorial: um donut aromático contra a ansiedade matinal, um body mist de birthday cake contra a percepção de falência existencial.

O hiper estímulo se normalizou a tal ponto que…

Assistir a terror não é escapismo, é um treino de controle emocional em um mundo onde quase nada parece controlável. Diferente da ansiedade real, que é difusa e sem botão de desligar, o medo do terror é voluntário e delimitado: você escolhe entrar na experiência, prevê o susto e sabe que pode pausar a qualquer momento. Essa possibilidade de optar e permanecer gera sensação de agência, ou seja, o cérebro entende que, mesmo diante do caos, ainda há domínio sobre o próprio estado emocional. O filme te assusta, mas não te domina. Essa simulação de ameaça com saída segura ajuda a re-calibrar o sistema nervoso e devolve algo raro no presente: a sensação de que você ainda está no comando. Vale ler com calma para entender como o medo, dosado na medida certa, pode ser uma ferramenta de autorregulação — e não um gatilho de pânico.

© Chiharu Shiota

Nascida em Osaka, em 1972, e radicada em Berlim, Chiharu Shiota transforma memórias em arquitetura sensorial. Sua obra parte de experiências íntimas — lembranças, ausências, estados emocionais — e se expande em instalações monumentais onde objetos cotidianos como camas, sapatos e chaves são envoltos por teias de fios que funcionam como extensão do inconsciente. Shiota cria espaços onde o vazio é protagonista: o corpo está ausente, mas sua energia permanece, tensionando os limites entre presença e desaparecimento. Reconhecida internacionalmente, já ocupou instituições como o Grand Palais, o Hammer Museum e a Mori Art Museum, além de ter representado o Japão na Bienal de Veneza em 2015, consolidando-se como uma das vozes mais importantes da arte contemporânea na investigação da memória como matéria viva.

© Chiharu Shiota

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